• Polícia apreende 3.500 doses de 'melzinho do amor' no centro da capital paulista

    1016 Jornal A Bigorna 23/08/2021 06:00:00

    Policiais civis apreenderam 324 caixas do suposto estimulante sexual "melzinho do amor", nesta quarta-feira (18), na região central capital paulista. Cinco suspeitos foram presos e indiciados por crime contra a incolumidade pública. A defesa deles não foi localizada.

    O produto foi proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 27 de maio deste ano. Apesar disso, o chamado "melzinho" ainda é comercializado na região central da capital paulista e pela internet.

    Totalizando 3.500 sachês, o produto era vendido ilegalmente por ambulantes, segundo a 2ª Delegacia de Polícia de Saúde Pública, nas ruas Comendador Afonso Kherlakian e Barão de Duprat, região da Sé.

    Foram apreendidas diferentes marcas do estimulante que serão submetidas à perícia para verificar se a composição é nociva à saúde. O Agora apurou que, na rua 25 de Março, o mesmo produto ilegal também é vendido por ambulantes.

    A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou em nota que as diligências prosseguem buscando novas apreensões, “visando acompanhar a comercialização da substância.”.

    O "mel do amor", geralmente acondicionado em sachês, é, em alguns casos, uma mistura de mel e sildenafila, substância vasodilatadora encontrada no Viagra e genéricos, mas sem aval da agência sanitária e, por isso, potencialmente prejudicial à saúde —pela falta de informações detalhadas sobre o produto, que conta com várias marcas e preços.

    Sem dificuldade, a reportagem encontrou o suposto estimulante sexual comercializado pela internet nesta quinta-feira (19).

    Um sachê, com dose única, saía entre R$ 26,90 e R$ 34,50. Havia caixas com até 12 doses do suposto afrodisíaco, vendidas entre R$ 178 e R$ 218.

    "O 'melzinho do amor' aumenta em até 5 vezes seu desempenho sexual de forma 100% natural, sem precisar de remédio [sic] que fazem mal a saúde", diz a apresentação do produto, em uma rede social, destoando da avaliação da Anvisa sobre ele.

    Segundo a agência, os supostos estimulantes estão com a venda, distribuição, fabricação, e divulgação proibidos, desde 27 de maio deste ano. A apreensão dos supostos estimulantes, ainda vendidos irregularmente, também foi solicitada pelo órgão. Nenhum dado sobre o volume de itens já retirados de circulação, porém, foi informado.

    "As ações de fiscalização determinadas são aplicadas a todos os estabelecimentos físicos ou veículos de comunicação, inclusive eletrônicos, que comercializem ou divulguem os produtos em questão", diz trecho de nota da Anvisa.

    O órgão federal acrescentou que, durante a investigação dos produtos, foi constatado que eles não eram registrados ou cadastrados, nem havia pedido de regulamentação em aberto para deles.

    "Produtos sem registro representam risco à saúde. Não há conhecimento sobre composição, condições de fabricação e armazenamento, entre outras informações. Esses produtos podem, inclusive, conter substâncias tóxicas", alerta a Anvisa.

    Uso pode até matar, alerta cardiologista

    O cardiologista Philipe Saccab, especialista do Incor (Instituto do Coração) e integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, afirma que todo remédio conta com doses específicas para cada paciente.

    Como já foi constatado que no "mel do amor" pode haver sildenafila, a ingestão destes produtos irregulares pode oferecer riscos, incluindo a morte, diz o médico.

    "Vamos supor que a pessoa tem problema cardíaco, mas não sabe disso, da mesma forma que não sabe a dose [do princípio ativo do 'mel do amor']. Pode ocorrer efeito colateral de baixar a pressão. Isso aliado a outros medicamentos, oferece muitos riscos", afirma.(Do Agora)

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