
Policiais civis apreenderam 324 caixas do suposto estimulante sexual "melzinho do amor", nesta quarta-feira (18), na região central capital paulista. Cinco suspeitos foram presos e indiciados por crime contra a incolumidade pública. A defesa deles não foi localizada.
O produto foi proibido pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), em 27 de maio deste ano. Apesar disso, o chamado "melzinho" ainda é comercializado na região central da capital paulista e pela internet.
Totalizando 3.500 sachês, o produto era vendido ilegalmente por ambulantes, segundo a 2ª Delegacia de Polícia de Saúde Pública, nas ruas Comendador Afonso Kherlakian e Barão de Duprat, região da Sé.
Foram apreendidas diferentes marcas do estimulante que serão submetidas à perícia para verificar se a composição é nociva à saúde. O Agora apurou que, na rua 25 de Março, o mesmo produto ilegal também é vendido por ambulantes.
A SSP (Secretaria da Segurança Pública) afirmou em nota que as diligências prosseguem buscando novas apreensões, “visando acompanhar a comercialização da substância.”.
O "mel do amor", geralmente acondicionado em sachês, é, em alguns casos, uma mistura de mel e sildenafila, substância vasodilatadora encontrada no Viagra e genéricos, mas sem aval da agência sanitária e, por isso, potencialmente prejudicial à saúde —pela falta de informações detalhadas sobre o produto, que conta com várias marcas e preços.
Sem dificuldade, a reportagem encontrou o suposto estimulante sexual comercializado pela internet nesta quinta-feira (19).
Um sachê, com dose única, saía entre R$ 26,90 e R$ 34,50. Havia caixas com até 12 doses do suposto afrodisíaco, vendidas entre R$ 178 e R$ 218.
"O 'melzinho do amor' aumenta em até 5 vezes seu desempenho sexual de forma 100% natural, sem precisar de remédio [sic] que fazem mal a saúde", diz a apresentação do produto, em uma rede social, destoando da avaliação da Anvisa sobre ele.
Segundo a agência, os supostos estimulantes estão com a venda, distribuição, fabricação, e divulgação proibidos, desde 27 de maio deste ano. A apreensão dos supostos estimulantes, ainda vendidos irregularmente, também foi solicitada pelo órgão. Nenhum dado sobre o volume de itens já retirados de circulação, porém, foi informado.
"As ações de fiscalização determinadas são aplicadas a todos os estabelecimentos físicos ou veículos de comunicação, inclusive eletrônicos, que comercializem ou divulguem os produtos em questão", diz trecho de nota da Anvisa.
O órgão federal acrescentou que, durante a investigação dos produtos, foi constatado que eles não eram registrados ou cadastrados, nem havia pedido de regulamentação em aberto para deles.
"Produtos sem registro representam risco à saúde. Não há conhecimento sobre composição, condições de fabricação e armazenamento, entre outras informações. Esses produtos podem, inclusive, conter substâncias tóxicas", alerta a Anvisa.
Uso pode até matar, alerta cardiologista
O cardiologista Philipe Saccab, especialista do Incor (Instituto do Coração) e integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, afirma que todo remédio conta com doses específicas para cada paciente.
Como já foi constatado que no "mel do amor" pode haver sildenafila, a ingestão destes produtos irregulares pode oferecer riscos, incluindo a morte, diz o médico.
"Vamos supor que a pessoa tem problema cardíaco, mas não sabe disso, da mesma forma que não sabe a dose [do princípio ativo do 'mel do amor']. Pode ocorrer efeito colateral de baixar a pressão. Isso aliado a outros medicamentos, oferece muitos riscos", afirma.(Do Agora)