
Por Assis Châteaubriant- Parece uma título - paradoxal -, ou seja, incoerente ou absurdo àquilo que percebo na sociedade atual quanto a escalada da violência no Brasil.
A intervenção federal do Exército brasileiro no estado do RJ, nada mais é que ter de ‘enxugar gelo’, num local onde não há perspectivas de melhoras de qualidade de vida. Enquanto os governantes não se alinharem de que a Educação é um dos pilares para se tirar um país do estágio desastroso que se encontra o nosso.
Um estado como o RJ que perdeu o controle da segurança pública e, assim não consegue mais manter a lei e a ordem, nitidamente mostra que os problemas da sociedade estão aquém apenas da segurança. Constroem-se mais presídios do que escolas; isso já é um sinal vermelho de que tudo não anda bem.
O tal ‘crime organizado’, há muito, já dominou a massa dos mais necessitados. A omissão do estado como tutor e protetor da sociedade se esvaíram, e o crime cooptaram àqueles a quem o estado não socorre.
No RJ, por exemplo, e em outros grandes estados, isso não é diferente. O crime tem tentáculos em todos os setores da sociedade, o que prova cabalmente que vivemos num estado de exceção, que é mascarado, ou seja, a sociedade finge que não vê e as autoridades agradecem.
Sociólogos e estudiosos mais otimistas preferem alegar que a tomada do Exército na ingerência das polícias é uma grande chance de se reestabelecer a ordem que impera no caos. Na verdade, as autoridades tem apenas esta chance. Se a intervenção falhar, não há outro aparato para que se restabeleça a ordem no país, com isso a tendência de o crime se alastrar ainda mais será imperiosa.
Somente uma ação vitoriosa dará alento à sociedade e trará maior grau de sensibilidade. O que não podemos esquecer é que passados o tempo de intervenção e a ordem for reestabelecida, o novo governo terá a obrigação de implantar modelos de segurança mais eficazes, bem como, efusivamente investir em saúde, e educação, dando mais opções de vida e diminuindo as desigualdades sociais.
Entretanto não basta apenas os governantes fazerem sua parte, a sociedade tem que se conscientizar que ela também tem uma parcela de culpa. Uma frase famosa no RJ se tornou uma máxima: “Não adianta a sociedade, de dia ir às ruas em protestos contra a violência, se à noite, cheiram toda a cocaína dos morros.” Numa clara alusão de que, infelizmente, a própria sociedade alimenta a violência que, posteriormente se vira contra ela mesma.
Enquanto o homem ainda teimar em ser o ‘lobo do próprio homem’, pouco ou nada mudará. Precisamos nos atentar a este detalhe. Nem tudo é culpa do governo, mas também de uma parcela da nossa própria sociedade.
Chatô é escritor.