Poesia
ESQUINA
(“ouvir de novo a tua voz/seria matar a sede/
com água salgada” – Miguel Torga)
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Santos Peres
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No caso de, por acaso
uma esquina nos atravessar,
por favor, me desconheça.
É que ando tão sem
que um novo corte
pode me matar.
Se por acaso, no caso
de uma esquina nos atravessar
por favor, não me beije;
(que toda esquina é cúmplice
de acasos, e desses casos de passados,
todo encontro é raio).
Só me beije, no caso de,
por acaso o veneno do seu beijo
me ressuscitar.
                    
                        
                        
                                
                                
                                    












