
A possível candidatura de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a presidente da República deflagrou uma corrida nos bastidores entre nomes de direita que querem se candidatar ao Senado por São Paulo na vaga que seria preenchida por ele.
Em teoria, a chapa com as duas vagas está fechada. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) indicou o filho “03”, enquanto o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), escolheu seu secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP-SP).
Com Eduardo sinalizando que pode disputar a Presidência no lugar do pai, que hoje está inelegível, alguns deputados passaram a procurar Bolsonaro e Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para se colocarem como opção.
Há uma ala na centro-direita que considera que Eduardo está fora do jogo eleitoral. A avaliação desses políticos é que a atuação do filho do ex-presidente em busca de sanções dos Estados Unidos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o ministro Alexandre Moraes o levará a ser condenado no Brasil. Com isso, ele ficaria impedido de disputar a eleição, seja a presidente ou a senador. Atualmente, há um inquérito aberto contra Eduardo.
Um dos que procuraram Bolsonaro e Valdemar na tentativa de se viabilizar ao Senado foi o pastor e deputado federal Marco Feliciano (PL-SP), tido por muitos bolsonaristas como o favorito para substituir Eduardo. Feliciano está em seu quarto mandato como deputado federal por São Paulo e é ligado ao segmento religioso. Também conta a favor o fato de ele ter pontuado em algumas pesquisas de intenção de voto para o Senado e ser próximo tanto de Bolsonaro quanto de Eduardo.
Em 2022, Feliciano estava entre os cotados para o Senado, mas acabou preterido por Bolsonaro, que optou pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia Marcos Pontes (PL), eleito com mais de 10 milhões de votos.
Em entrevista ao canal Auri Verde Brasil no início do ano, Bolsonaro mostrou arrependimento na escolha. “Eu elegi você em São Paulo. Deixei de lado, entre eles, o meu amigo Marco Feliciano, com uma dor no coração enorme. Deixei de lado para te apoiar”, disse o ex-presidente, que na época da declaração estava irritado com Pontes em razão do lançamento de sua candidatura à presidência do Senado.
Feliciano afirmou que seu pré-candidato ao Senado é o deputado Eduardo Bolsonaro, mas que, caso o colega não entre na disputa, pretende pleitear a vaga. “Coloquei meu nome à disposição do presidente Bolsonaro, do presidente Valdemar Costa Neto e do segmento cristão”, disse.
O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD) também tem buscado apoio entre bolsonaristas e líderes do Centrão. Pastor da Assembleia de Deus Ministério Madureira, ele tem bom trânsito com Bolsonaro e com os ministros do STF, como André Mendonça e Nunes Marques. Procurada, a assessoria de imprensa de Cezinha não retornou.
O PSD pesa contra os planos do deputado. Além da rejeição de bolsonaristas ao presidente da sigla, Gilberto Kassab, a prioridade do partido é emplacar o dirigente como vice de Tarcísio — a senadora Mara Gabrilli (PSD) anunciou que não concorrerá à reeleição para abrir espaço na chapa e ajudar Kassab a alcançar seu objetivo.
O ex-secretário de Cultura e deputado federal Mário Frias também é cotado. Ele, no entanto, nega o desejo de ser senador. “Não tenho pretensão nenhuma na minha vida. Minha missão é como deputado federal e me deixa muito orgulho ter a confiança do eleitor paulista”, disse ele.
Outro citado como opção para o Senado é o deputado estadual Lucas Bove (PL-SP), integrante da bancada bolsonarista na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Ligado ao agronegócio, Bove é considerado um dos parlamentares mais ideológicos da Casa e também um dos mais próximos de Jair Bolsonaro.
No último ano, ganhou espaço no núcleo duro do ex-presidente, acompanhando-o em agendas em São Paulo — como a entrevista ao podcast Inteligência Ltda. — e ajudando a organizar a última manifestação bolsonarista na capital. Diferente de outros cotados, porém, não tem articulado: está jogando parado, à espera de um aceno direito de Bolsonaro. Procurado, Bove afirmou que seu plano é a reeleição, mas que está à disposição do ex-presidente.
Uma alternativa considerada seria lançar nomes ligados ao bolsonarismo em outros estados para disputar a vaga por São Paulo, entre eles, o vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ). Integrantes do partido, no entanto, avaliam que o filho 02 do ex-presidente deve concorrer por outra região, ainda indefinida, mas fora do Estado do Rio de Janeiro. Umas das opções é o Estado de Santa Catarina.