
A rejeição à CLT, somada à saída de milhões de jovens do mercado de trabalho e à taxa de desemprego nas mínimas históricas, vem ajudando a estimular o atual apagão de mão de obra na indústria.
Em um contexto de ampliação de benefícios sociais, um número maior de jovens passou a estudar nos últimos anos, e os que se mantiveram empregados ou em busca de trabalho vêm demandando uma flexibilidade difícil de se encontrar no emprego com carteira assinada.
É como se o jogo, tradicionalmente favorável aos empregadores, tivesse virado um pouco mais para o lado dos trabalhadores, como mostram dois levantamentos feitos a pedido da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e pesquisa Datafolha realizada neste mês.
De acordo com o levantamento do Datafolha, 59% dos brasileiros acham melhor trabalhar por conta própria, ante 39% que se sentem melhor contratados por empresa. A pesquisa apontou também que, desde 2022, cresceu de 21% para 31% o número de pessoas que consideram mais importante ganhar mais do que ser registrado. Já os que valorizam a CLT mesmo com salário menor caíram de 77% para 67% nesse intervalo de tempo.
De 1.503 de homens e mulheres de 18 a 59 anos abordados por telefone entre 23 a 30 de abril deste ano no estado de São Paulo, 63% avaliam que o trabalho formal oferece pouca flexibilidade para conciliar vida pessoal e profissional.
Para 58% dos ouvidos, trabalhar por conta própria seria a principal escolha entre os diferentes setores da economia, contra 15% dos serviços, 12% do comércio, 11% da indústria e 5% da construção.
Por fim, quando questionados sobre o que é importante para escolher um emprego, somente 36% apontaram salários e benefícios como fatores cruciais. O ambiente de trabalho é prioridade para 29%, a flexibilidade e o equilíbrio com a vida pessoal para 21%, e a segurança e a previdência para apenas 14% dos ouvidos.(Da Folha de SP)