
Mais de uma década depois de ter adquirido o WhatsApp, a Meta começará a exibir anúncios no aplicativo.
A medida, anunciada na segunda-feira, 16, pode abrir um novo e enorme fluxo de receita para a gigante das redes sociais. Ela também corre o risco de afastar alguns usuários e atrair o escrutínio dos órgãos reguladores.
Os fundadores do WhatsApp adotaram uma forte postura contra a publicidade antes de venderem a empresa em 2014.
“Lembre-se, quando a publicidade está envolvida, você, o usuário, é o produto”, escreveu o cofundador Jan Koum em um post, de 2012, intitulado “Por que não vendemos anúncios”. Em vez disso, o WhatsApp cobrava US$ 1 de cada usuário para baixar o aplicativo - uma prática que o Facebook descontinuou em 2016.
Koum permaneceu na liderança do WhatsApp até 2018, quando deixou o Facebook (agora Meta) depois de supostamente bater de frente com os líderes da empresa sobre a privacidade do usuário.
Ainda assim, o Facebook manteve o WhatsApp livre de anúncios até agora - mais tempo do que muitos observadores do setor esperavam, dada a pressão que a empresa enfrentou para mostrar que a compra do aplicativo valeu a pena.
Nesse meio tempo, o WhatsApp se transformou em uma das maiores redes sociais do mundo.
O WhatsApp é um aplicativo de mensagens dominante em alguns dos países mais populosos do mundo, incluindo a Índia e o Brasil.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, disse, em abril, que o WhatsApp havia ultrapassado 3 bilhões de usuários, o que o torna ainda maior que o Instagram. Esse é um vasto público inexplorado para publicidade, que é como a empresa ganha a maior parte de seu dinheiro.
Recentemente, o WhatsApp obteve sucesso com um recurso que permite que os usuários conversem com empresas, por exemplo, para perguntar sobre o horário de funcionamento ou para fazer um pedido. A Meta também vem lançando ferramentas que permitem aos anunciantes usar IA para responder às perguntas dos usuários.
Agora, essas empresas também poderão anunciar no aplicativo.
Por enquanto, o alcance dos anúncios será limitado - assim como os dados que a Meta usa para direcioná-los.
Em um post anunciando a mudança, o WhatsApp disse que os anúncios ficarão confinados à guia “Atualizações”, que abriga um feed de atualizações de status recentes dos “canais” públicos que um usuário segue. As marcas poderão promover seu canal, cobrar dos usuários para que se inscrevam em atualizações exclusivas ou publicar um anúncio como uma atualização de status que aparecerá nos feeds dos seguidores. Esses anúncios podem incluir convites para enviar mensagens diretamente para a empresa.
Como a maioria dos anúncios da Meta, eles serão direcionados aos usuários com base nos dados que o WhatsApp coleta sobre seus interesses. Mas o WhatsApp usará apenas “informações limitadas, como seu país ou cidade, idioma, os canais que você segue e como você interage com os anúncios que vê”, explicou o post. Em outras palavras, a empresa não direcionará anúncios com base nas pessoas com quem o usuário conversa ou no conteúdo dessas conversas, que permanecerão privadas e criptografadas.
As ações da Meta subiram cerca de 3% na segunda-feira, já que os analistas elogiaram o potencial de um novo e importante fluxo de receita. Embora a empresa tenha continuado a crescer em termos de total de usuários em todos os seus aplicativos, seus últimos ganhos trimestrais mostraram uma desaceleração no crescimento dos anúncios e uma queda na quantidade de dinheiro que a Meta ganha com o usuário médio.
Enquanto os investidores aplaudiam a notícia, alguns defensores da privacidade e da concorrência levantavam preocupações.
*Por Will Oremus (The Washington Post)