• testando

    Médico de UTI Covid relata colapso na Santa Casa de Taquarituba

    896 Jornal A Bigorna 05/03/2021 20:00:00

    Após a UTI da Santa Casa de Taquarituba (SP) registrar 100% de ocupação dos leitos para pacientes com Covid-19, a prefeitura da cidade divulgou que a ala de enfermaria da unidade ultrapassou o limite de capacidade e registrou 300% na lotação nesta quinta-feira (4).

    Segundo o médico Marcelo Tadeu de Oliveira, responsável pela UTI Covid, a capacidade de atendimento instalada no hospital para atender pacientes com Covid-19 em isolamento, inicialmente era de cinco leitos na enfermaria e 10 para UTI.

    Contudo, em meados de janeiro, sobretudo na última semana de fevereiro, houve um aumento elevado no número de internações e atendimentos também na rede ambulatorial do município.

     “Nos últimos 15 dias notamos de modo muito explosivo a nossa capacidade de atendimento na enfermaria ser superada”, explica.

    Marcelo Tadeu contou que, de cinco leitos, foi necessário ampliar e improvisar outras dependências da Santa Casa, como a capela da unidade médica, a sala de endoscopia, quartos de enfermaria e clínica, sendo preciso desviar esses locais para o isolamento dos pacientes com coronavírus.

    No caso da Unidade de Terapia Intensiva (UTI), desde janeiro foi registrada a lotação máxima da ala. Isso porque, segundo ele, a Santa Casa de Taquarituba foi incluída ao sistema regional de regulação e distribuição de leitos Covid via Cross.

    Com essa inclusão, a unidade passou a receber pacientes para internação de Jaú, Brotas, Avaré, Taguaí e Mineiros do Tietê (SP), deixando de ser uma Unidade de Terapia Intensiva exclusiva aos pacientes da cidade.

    "Temos percebido a capacidade de UTI esgotada e fazemos o atendimento incluindo todo esse público e moradores da cidade. Portanto, nossa UTI não tem mais capacidade de ampliar o número de leitos pois, quando ampliamos os leitos de UTI, precisamos também ampliar o número de equipamentos e nesse momento não vislumbramos ter ainda mais do que 10 respiradores", diz.

    Segundo o médico, com essa alta demanda de trabalho nesta fase da pandemia, é visivelmente notada a sobrecarga física e emocional das equipes de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e funcionários da limpeza da saúde.

    Para Marcelo Tadeu, lidar a todo momento com pacientes extremamente debilitados, que dependem de oxigênio e possuem dificuldades físicas de locomoção ou alimentação devido aos sintomas de cansaço e dispneia causados pela doença, demanda grande cuidado, carinho e dedicação das equipes.

     “Nossa equipe demonstra sinais de muita fadiga e muito cansaço. Equipe com sobrecarga física e emocional, mas não de desânimo. Eu vejo que a equipe toda age com tudo isso de uma forma extremamente heroica e com responsabilidade pelo próximo”, desabafa.

    Questionado sobre o uso de oxigênio em pacientes internados com a Covid-19, a maior preocupação é em relação ao desabastecimento.

     “O nosso hospital tinha antes uma demanda e atualmente enfrenta uma demanda nove vezes maior na Santa Casa de Taquarituba. Nossa maior preocupação é que, por conta dessa grande procura do oxigênio, há um risco muito real de desabastecimento, isso nos traz medo, sobretudo por conta da UTI”, finaliza o médico.

    OUTRAS NOTÍCIAS

    veja também