• O não sentido existencial da existência

    1013 Jornal A Bigorna 30/08/2019 18:30:00

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    Certo dia perguntaram a um velho artista de rua:

    “Qual o significado das suas pinturas, senhor?”

    Ele olhou profundamente para o interlocutor e respondeu:

    “–Se as árvores, os rios e as montanhas não precisam de um sentido para existirem, por que meus quadros necessitariam?”

    As únicas criaturas do planeta que fazem (verdadeiramente) esse tipo de interrogatório são os seres humanos adultos. Um gato não perde tempo com tais bobagens. Uma flor de laranjeira não questiona o motivo de exalar seu aroma e nem os rios cogitam o porquê correm para baixo.

    Pergunte às crianças sobre o sentido da vida: não compreenderão o que estamos querendo dizer com isso. É o mesmo que tentar um esclarecimento da razão pela qual elas ficam rodopiando sozinhas, indo atrás de borboletas ou pulando de um lado para outro, felizes. O máximo que dirão é: “do que está falando, tio? Só estou me divertindo!”. Os indianos chamam a manifestação da existência de “Leela” – uma brincadeira, um jogo sem ganhadores. E quando não há prêmios ou pódio como objetivos a serem alcançados, resta somente aproveitar o momento, a diversão.

    Talvez a vida tenha um sentido especifico ou não. Que diferença faz? Terá que vivê-la de qualquer jeito - do contrário, o suicídio será a única alternativa. As perguntas acerca da realidade são belas (do ponto de vista da introspecção) e simultaneamente tolas. Reflita! Uma vez que estamos amando, não procuramos nenhuma doutrina. O amor se torna a religião, o templo – um fim em si memo. A vida passa a ter significância, cor, alegria. Os amantes voltam à infância, se comportam feito crianças no telefone e na sorveteria. Observe, não é uma fantasia da minha cabeça. Casais em lua de mel parecem sonhar de tanta felicidade. Dançam, cantam, riem, inclusive têm a sensação de estar flutuando. As dúvidas e inquirições só brotam na ausência do amor, em sua falta. Então, reduzimos a vida como um meio de algum fim fútil.

    Ela não se basta. Carece ter uma justificativa para continuarmos acordando diariamente.

    Podemos criar quantos sentidos quisermos e, no caso de um sujeito preguiçoso, é só “adquirir” algo pronto. Tem inúmeras crenças, cultos, ideologias, teorias científicas sendo vendidas com objetivos cativantes para remediar o vazio dos corações aflitos. Não sabemos lidar com a possibilidade de um “NÃO SENTIDO EXISTENCIAL”. Buscamos ajuda. Pessoas para nos guiar, alguém dizendo o que temos que fazer ou deixar de ser feito. Queremos mãos paternas. Na raiz somos crianças com medo da vida. Sempre é mais fácil seguir o caminho de terceiros do que traçar os nossos próprios.

    O pensador alemão do séc. XIX Nietzsche, ainda é julgado por sua visão de mundo. O filósofo “matou” Deus para libertar o super-homem: aquele que não precisa de muletas, de ídolos. Que representa o estereótipo do superior, o além da mediocridade, o apogeu da seleção natural, o “herói” que carrega o “peso” de suas ações e também a responsabilidade das consequências.

    Um indivíduo livre! Quem aguarda pelas migalhas do paraíso pós-tumulo (sem entrar no mérito da veracidade) é porque vive um inferno na Terra. Os amantes não desejam ir para outro local, já estão morando no jardim do Éden. Experimente arrancá-los daqui, que mandarão você à #%@&*!.

    Por que as coisas não podem ser uma conclusão em si mesmas? Por que complicar o óbvio? O sentido da vida é viver, é estar vivo! É tão evidente e simples... Qual a dificuldade em enxergar o que é nítido? Ficamos “enchendo linguiça” onde não necessita:

    “- Viemos aqui para evoluir, amar, pagar os pecados... é o nosso carma”. Ou ainda usar “desculpas” acadêmicas:

    “- Autopreservação, preservação da espécie, da prole, expansão da vontade de potência e etc.”

    Loucura! Fazemos de tudo um meio.

    Admito que o curso de filosofia, em última análise, é uma conversa de boteco que nunca chega a lugar nenhum. Para cada dúvida saciada, outras dez nascem e assim por diante. Nas citações de Rajneesh (guru indiano séc. XX):

    “- Toda filosofia na verdade é uma TOLOSOFIA.”

    Os tolos perdem tempo questionando a vida, as crianças vivem-na. Não é uma preocupação.

    Albert Einstein entendeu o recado. Ele afirmava que se pudesse escolher outra profissão, não seria um físico – de repente um encanador ou um caixeiro-viajante... menos um cientista.

    A vida é muito mais uma obra “Nonsense” de Lewis Carroll (romancista inglês do séc. XIX) do que resoluções de problemas euclidianos.

    *Ismael Tavernaro Filho é colunista do Jornal A Bigorna

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