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    Palanque do Zé #129 - A maleta do fim do mundo

    1238 Jornal A Bigorna 24/01/2021 07:00:00

    Palanque do Zé

    Com a posse de Joe Biden como Presidente dos Estados Unidos, o fato de que o POTUS (acrônimo para President Of The United States, na linguagem do Serviço Secreto) tem uma maleta com a qual pode lançar um ataque nuclear a qualquer momento veio à tona novamente.

    Mas como é essa maleta nuclear na verdade? Ela tem um botão vermelho? A resposta curta é não. Mas, mais detalhadamente, pode-se dizer que ela conta com todo o material necessário para que o Presidente possa ordenar o lançamento de um ataque nuclear.

    A verdade é que a enigmática maleta, que pesa cerca de 20 Kg, tem um livro preto detalhando como lançar o ataque nuclear, outro livro descrevendo locais secretos nos Estados Unidos, tais como bunkers, bases militares que não aparecem no mapa, locais de armazenamento de armamentos e abrigos nucleares.

    Há também, procedimentos para acionar o sistema de transmissão de emergência, que forma uma rede nacional assumindo o controle de sinais de rádio, tv e telefonia, com mensagens predefinidas. Dá pra ver um exemplo dessa mensagem no YouTube, inclusive.

    Acredita-se que a maleta nuclear também tenha equipamentos de telecomunicações capazes de permitir que o Presidente possa entrar em contato com as bases de lançamento caso os métodos habitualmente utilizados estejam inacessíveis.

    Mas é importante dizer que tudo isso só funciona com códigos que são autenticados pelos comandantes do outro lado da linha. Tais códigos estão num cartão conhecido como “biscoito” pelo Serviço Secreto, que só o Presidente tem autorização para carregar. E ele o faz o tempo todo.

    Assustador, não é mesmo?

    Mas qual é o contexto histórico por trás de tal equipamento? Ele surgiu nos Anos 60, quando o então Presidente John Kennedy percebeu que o sistema de autenticação das forças nucleares era falho e que era preciso achar uma forma de ele ter contato permanente e seguro com o Estado Maior das Forças Armadas.

    Lembre-se de que o mundo vivia em plena Guerra Fria e que existia a possibilidade de mísseis russos atacarem os EUA, que precisariam se defender. Com a medida, o tempo de uma eventual resposta caiu de 40 para apenas 15 minutos. Já durante a administração de Jimmy Carter, o sistema foi simplificado mais ainda, para acelerar a reação.

     

    Mas para que tudo isso funcione na prática, o militar que carrega a maleta nunca pode se afastar do Presidente, devendo estar sempre no mesmo elevador, veículo ou ambiente durante as saídas para a rua. Só quando o Presidente está na Casa Branca é que eles baixam um pouco a guarda.

    Só que seres humanos são falhos, certo? Em 1973 Richard Nixon recebeu Leonid Brezhnev em sua visita aos EUA. Sabendo que ele era fanático por carros e tinha uma grande coleção particular, o Governo o presenteou com um Lincoln Continental zero km.

    Brezhnev gostou tanto, que na mesma hora assumiu a direção e  chamou Nixon para um daqueles famosos rolês aleatórios no entorno de Camp David, a casa de campo da Presidência Americana.

    Assim, por cerca de 30 minutos, o Presidente dos EUA ficou fora do alcance de sua maleta nuclear.

    Outro fato constrangedor envolvendo a maleta se deu quando a mesma foi esquecida num aeroporto na Itália. A desgraça só não foi maior porque o militar responsável por ela conseguiu recuperá-la de dentro de um carro, que já estava em movimento.

    Bill Clinton, nos idos de 2000, levou meses para perceber que tinha perdido seu cartão contendo os códigos de autenticação. Ou seja, se precisasse da maleta, a mesma não serviria de nada pois ele não teria como ordenar um ataque!

    Mas quantas maletas do fim do mundo existem?

    Nos EUA, o que se sabe é que são três. Uma fica com o Presidente, outra com o Vice e uma terceira na Casa Branca, de backup.

    Como sabemos, Donald Trump se recusou a participar da posse de Joe Biden, o que gerou uma situação inusitada.

    Como Trump saiu da Casa Branca com a Maleta Nuclear (como manda a lei), mas não foi passar a Presidência para o sucessor, uma outra Maleta teve que acompanhar Joe Biden.

    Acredita-se que, no momento da posse, os códigos de Trump foram invalidados e os de Biden ativados.

    Especialistas no assunto acreditam que diversas outras nações pelo mundo tenham sistemas iguais. O que se sabe, no entanto, é que os russos têm um sistema equivalente. Eles chamam a maleta nuclear deles de Cheguet e ela nunca está muito longe do Putin.

     

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