
Pedófilos podem estar em qualquer lugar, inclusive dentro de casa. Em alguns casos, ocupam posições socialmente de destaque, aparentam ser moralistas e mantêm atração sexual por crianças preservada das pessoas de seu convívio.
Entre o início de 2016 e junho deste ano, 258 pessoas foram presas no estado de São Paulo acusadas de pedofilia pela internet. Os suspeitos mantinham, compartilhavam e produziam pornografia infantil em computadores e mídias como pendrives e CDs. Os dados são da Polícia Civil e foram encaminhados via Lei de Acesso à Informação.
As prisões caíram de 77 para 24 (-68%) entre 2016 e 2017. Subiram de 24 para 97 (304%) entre 2017 e 2018. Já as 73 detenções, feitas no primeiro semestre de 2019, representam 75% de todos os casos do ano passado.
Ana Iencarelli, psicanalista que trata crianças e adolescentes e presidente da ONG Vozes de Anjos, afirma que há muitos indícios que podem ajudar a identificar vítimas de pedofilia. Alguns deles são alterações no comportamento, como excesso de apatia ou de ansiedade, além de sexualização precoce, principalmente nas crianças mais novas, pois elas tendem a repetir o comportamento das quais foram vítimas.
“Há crianças que costumam reproduzir masturbação compulsiva, pois a maioria dos pedófilos não opta pela penetração peniana. Eles preferem carícias, sexo oral e masturbação”, explica a especialista, que atua há 46 anos na área.
Dados do Ministério da Saúde mostram que 58.074 crianças foram vítimas de abuso sexual no Brasil, entre 2011 e 2017. Deste total, 43.034 (74,2%) eram meninas e 14.996 (25,8%), meninos. Vítimas entre 1 e 5 anos correspondem a 51,2% do total.
A psicanalista afirma ainda que há duas categorias de pedófilos: os que consomem pornografia infantil e os que a produzem, abusando sexualmente de crianças. “O prazer do pedófilo é se sentir onipotente diante da vítima, eles não têm empatia com as vítimas, que acabam sendo acusadas [pelos abusadores] de os seduzir”, afirma.(DaF.S.Paulo)