• SEM PALAVRAS

    431 Jornal A Bigorna 23/09/2024 13:00:00

    SEM PALAVRAS

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    Santos Peres

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    O poeta acordou com sede

                                      de palavras:

    tomou porre de vocabulário

    para a arquitetura;

    mediu silabas/definiu métrica,

    rimou amor/dor, mundo e Raimundo...

     

    E se prostrou:

    pássaro abatido na vidraça do dia...

     

    O poeta saltou

    do décimo segundo andar

    de sua inutilidade

    para a cama do desconforto;

     

    ligou na novela das seis;

    acidificou-se com doses cavalares

                                 de paixões recolhidas;

     

    bebeu Vinicius e Neruda,

    banhou-se em Álvares e Casimiro,

    afogou mágoas em J. G. de Araújo Jorge

     

                                

     

     

    E pensando enforcar a musa

    que monta banca na praça 15

     

    - juran que esa paloma

     no és outra cosa mas que su alma -

     

    optou por abrir a janela e ir à luta:

    apertar enfados e parafusos

    que aluguel, pensão, marlboro,

                                    vermuth e miojo

    custam os olhos da cara

    quando poesia não dá rima

                                      e nem solução.

     

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