
Por Assis Châteaubriant- Lembro-me dos dias de criança quando jogávamos bola de capotão, daquelas duras, as bolinhas de gude, enfim, não tínhamos a tecnologia que os meninos e meninas de hoje possuem e, que, através disto, tem uma vida totalmente diferente daquela que vivemos muitos anos atrás.
Com o passar do tempo, nos vem à mente que sempre queríamos ser maiores de idade, adultos, o que sonhávamos em nos tornar, mas não sabíamos que, quanto mais velho, mais as dificuldades aumentam, a vida se torna mais difícil, e àquela aura da infância desaparece. Quando estamos velhos, bate a vontade de voltarmos a sermos crianças.
O tempo é algo tão sobrenatural que vivemos nele e não nos damos conta de que tudo, pouco a pouco, vai se alterando no tempo e espaço. Lutamos todos os dias depois de adultos para termos uma vida digna, mas não vencemos todos os dias, as derrotas acontecem com mais insistência do que pensamos.
No decorrer de nossa passagem, os anos nos mostram que a vida é curta, e a cada estação perdemos alguém que nos é querido, ou entram pessoas em nossas vidas, novas caras, novos desafios.
Nossa vida é permeada de disputas, e só encontramos a paz interna quando realmente conseguimos entender a nós mesmos. Só assim, podemos perdoar outros, e amar muitos.
Com a vivência chega-nos a sabedoria de entender o porquê de as coisas serem da forma que são; mais infelizmente a sabedoria chega um tanto quanto tarde; a vida nos lapida como um artista que solitariamente esculpe uma peça de artesanato.
Aprendemos e desaprendemos e erramos e acertamos numa sucessão de fatos e anteatos que permeiam nossa existência.
A vida é quase explicada pela ciência e vivida somente por nós mesmos; autores das nossas páginas; umas belas, outras em branco, outras mal-redigidas.
Tudo isso se chama: Vida.
A vida, cadentemente, vai talhando-nos, ela não tem pressa, porque sabe que a pressa não dá oportunidades de voltarmos atrás, e, assim, convidados pela vida a melhorarmos e não desistirmos diante dos fracassos. Somos àquilo que nosso coração almeja, e através disto àquilo que nos faz ver o ‘sorriso de Deus’.
Chatô é escritor.