A história de Avaré, infelizmente, é marcada por um capítulo recorrente e doloroso: as enchentes. Por décadas, as águas que deveriam ser fonte de vida transformaram-se em agentes de destruição, castigando a população, invadindo lares e comércios, e ceifando o patrimônio de famílias inteiras. Um problema crônico que, por muito tempo, foi tratado com descaso ou soluções paliativas, mas que revela muito sobre a consciência política e a resiliência de seus cidadãos.
Nesse cenário de adversidades, é imperativo reconhecer a visão e o empenho de dois ex-prefeitos que, em seus respectivos mandatos, demonstraram genuína preocupação com a questão das enchentes: Fernando Pimentel e Miguel Paulucci. Foram eles os únicos a empreender esforços significativos e a buscar soluções estruturais para mitigar o sofrimento da população. Após suas gestões, a cidade mergulhou em um período de inação, onde a questão das águas foi relegada a segundo plano, sem que nenhum outro gestor apresentasse um plano consistente ou realizasse obras de impacto.
Essa lacuna de liderança abriu espaço para figuras controversas, como o ex-prefeito Joselyr Silvestre. É um paradoxo que, mesmo após ter seu mandato cassado, Joselyr ainda seja visto por parte da elite e da população mais carente como um "mito". Contudo, a realidade desvela um "engodo", uma falsa imagem que não resiste a uma análise crítica de sua trajetória e de seu legado. A persistência dessa percepção, apesar dos fatos, sublinha a necessidade de uma maior consciência política por parte dos eleitores, que devem discernir entre a retórica vazia e as ações concretas que beneficiam a coletividade.
Felizmente, Avaré vive hoje um novo momento. O empenho do atual prefeito, Roberto Araujo, em enfrentar o problema das enchentes é notável e digno de reconhecimento. Sua gestão tem demonstrado seriedade e articulação, culminando na recente assinatura do convênio para as obras de macrodrenagem, um investimento crucial e há muito aguardado. Este é um passo gigantesco em direção à solução definitiva de um problema que aflige a cidade há mais de 80 anos, e que exige não apenas recursos, mas também vontade política e persistência.
Contudo, o caminho do progresso nunca é fácil. Avaré tem enfrentado uma oposição que, movida por interesses escusos, tenta a todo momento travar o desenvolvimento da cidade. Essa postura, que visa mais o benefício próprio do que o bem-estar coletivo, manifesta-se na disseminação de fake news, uma covardia apoiada por empresários inescrupulosos e por um candidato derrotado que, incapaz de aceitar o resultado democrático, busca desestabilizar a gestão atual. É fundamental que a população esteja atenta a essas manobras, que apenas atrasam o avanço de Avaré.
Olhando para o futuro, Avaré tem a oportunidade de consolidar seu desenvolvimento. Um próximo passo estratégico e visionário seria a criação de um distrito industrial às margens da Rodovia João Nellão, conectando-se à Rodovia Castello Branco. Essa iniciativa não apenas geraria empregos e renda, mas também posicionaria Avaré como um polo de desenvolvimento regional, atraindo investimentos e diversificando sua economia. É um projeto que exige planejamento, articulação e, acima de tudo, uma visão de futuro que transcenda os interesses imediatos e as disputas políticas menores.
O desafio das águas em Avaré é um lembrete constante da importância de uma gestão pública comprometida e de uma sociedade vigilante. A história nos mostra que o descaso tem um preço alto, mas a persistência e a busca por soluções concretas podem, finalmente, virar a página e inaugurar uma nova era de prosperidade e segurança para todos os avareenses.
*Por André Guazzelli
Jornalista, escritor.