Quando o ano chega ao fim, muitas famílias fazem um balanço silencioso: o que evoluiu, o que ainda desafia, o que fortaleceu e o que, mesmo em meio ao cansaço, continua iluminando o caminho. Para quem ama e convive com uma pessoa autista, esses balanços ganham outra profundidade.
Porque cada pequena conquista tem o tamanho de um mundo. Cada olhar trocado, cada som novo, cada avanço na rotina é um marco que, muitas vezes, só a família percebe. Mas é exatamente aí que mora a beleza: vocês enxergam o que o mundo ainda não sabe valorizar.
Neste momento de encerramento, fica um convite: olhe para trás com gentileza. Você enfrentou dias difíceis, talvez noites longas, dúvidas, culpas e medos que nem sempre tiveram espaço para serem ditos. Mas, mesmo assim, você seguiu. E seguir já é, por si só, um ato profundo de amor.
A esperança das famílias atípicas nasce nos detalhes: no riso que surgiu de repente, no comportamento que começou a se organizar, na conexão que cresceu aos poucos. Nada disso é pequeno. Nada disso é simples. Tudo isso é precioso.
Que o novo ano traga leveza para o coração e mais acolhimento no caminho. Que traga profissionais mais preparados, escolas mais inclusivas e uma sociedade mais consciente. Que traga, acima de tudo, a certeza de que cada pessoa autista tem seu ritmo, sua forma de ser e seu modo único de florescer.
Você não está sozinho. Você está fazendo o melhor que pode — e isso importa.
Que 2026 chegue como um abraço: firme o suficiente para dar segurança e suave o bastante para trazer paz.
Que traga dias mais leves, noites de descanso, conquistas silenciosas e alegrias que só quem vive a rotina atípica consegue entender.
Que cada família encontre força, respiro e motivos para acreditar — mesmo nos dias difíceis.
E que cada pessoa autista possa seguir crescendo com respeito, apoio, paciência e amor.
Feliz Ano Novo. Que seja um ciclo de esperança viva e de possibilidades reais.
Sobre a colunista
Marcela Fernanda de Andrade é pós-graduada em Neurociência, Transtorno do Espectro Autista (TEA), Educação Especial e Inclusiva, com capacitação em TEA pela Universidade de Harvard. Mãe atípica, é estudante de Fonoaudiologia e mestranda em Distúrbios da Fala e Comunicação Humana.
Instagram: @neurofono_marcelaandrade
Atenção: Esta é uma coluna informativa, baseada em observações gerais e conhecimento público. Em caso de dúvidas ou necessidades específicas, procure sempre um profissional qualificado.













