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    998 Jornal A Bigorna 08/01/2022 12:30:00

    Palanque do Zé

    Quem acompanha minhas redes sociais sabe que tirei essa última semana para passear. Decidi realizar um dos sonhos da Esposa e fomos até Campos do Jordão, que se localiza na divisa entre os estados de São Paulo e Minas Gerais, mais precisamente na Serra da Mantiqueira.

    O Município, em sua Sede, fica a 1.628 metros do nível do mar, sendo o mais alto do Brasil. Sua população, de acordo com o CENSO de 2014, é de 50.541 habitantes. Dista 173 km da cidade de São Paulo e sua principal via de acesso é a Rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro.

    A cidade surgiu em 29 de abril de 1874, quando Mateus da Costa Pinto adquiriu alguns lotes à beira do Rio Imbiri, mas foi só em 1934, que Campos do Jordão emancipou-se de São Bento do Sapucaí. É um dos quinze municípios paulistas com o título de Estância Climática, outorgado pelo Governo do Estado.

    Mas a cidade “entrou no mapa” mesmo, com a inauguração da Estrada de Ferro Campos do Jordão, no ano de 1914, pelas mãos dos médicos sanitaristas Emilio Ribas e Victor Godinho, que decidiram facilitar o acesso dos tuberculosos ao alto da Serra da Mantiqueira, para tratamento da doença, o que até então era feito somente a pé, a cavalo ou a bordo das liteiras e banguês.

    Aliás, como nunca é demais lembrar de nossos heróis, vale dizer que Emílio Marcondes Ribas foi um médico sanitarista que trabalhou no combate a epidemias e endemias no Estado de São Paulo, tendo criado o Instituto Butantan, entre outros órgãos de saúde pública. No fim do século XIX, juntamente com Oswaldo Cruz, Adolfo Lutz, Vital Brasil e Carlos Chagas, lutou para livrar a sociedade das epidemias e endemias que assolavam o País. Desde 2012, foi declarado Patrono da Saúde Pública do Estado de São Paulo.

    Voltando: Com o desenvolvimento da penicilina, a partir dos anos 1960, o tratamento contra a tuberculose passou a ser facilitado, o que permitiu a Campos do Jordão investir em turismo para manter-se relevante, motivo pelo qual a inauguração do Palácio Boa Vista, residência de inverno do Governo do Estado, em 1964, e do Festival de Inverno de Música Clássica, em 1970, foram importantes para a cidade ser considerada referência no turismo de inverno no Brasil.

    É claro que há controvérsias, este que vos escreve – por exemplo - não se dá bem com climas úmidos e frios, mas o fato é que o Congresso de Climatologia de Paris, no ano de 1957, classificou o clima de Campos do Jordão como sendo o melhor do mundo.

    Depois desta longa, mas necessária introdução, você deve estar se perguntando: Vale a pena visitar Campos do Jordão? Com certeza!

    Mas tenha em mente que a cidade não é tão bonita quanto Gramado/RS, se parecendo mais com o Rio de Janeiro: Tem cenários paradisíacos, mas não olhe para os lados! Aqui, o ângulo da foto importa, mais do que tudo.

    Em termos de acessibilidade para cadeirantes e pessoas com dificuldades de locomoção, a cidade está bem avançada, mas ainda precisa melhorar muito se quiser competir com Curitiba, por exemplo. 

    Um “porém” muito importante ao se considerar uma viagem a Campos do Jordão são os preços. Tudo é absurdamente caro. Se você não souber das manhas de comprar onde os locais compram, prepare os bolsos. Uma refeição, por exemplo, custa por volta de R$ 150,00 se você decidir beber uma cerveja junto, por exemplo.

    Na minha viagem, tive o azar de pegar uma temporada absurda de chuvas, portanto os passeios ao ar livre ficaram prejudicados. Não pude conhecer o Horto, o Pico do Elefante e o Palácio de Inverno do Governo do Estado de São Paulo, pois não consegui convites, porque aparentemente todo mundo teve a mesma ideia que eu, para fugir da chuva.

    Como dito acima, Campos do Jordão fica na Serra da Mantiqueira, uma cadeia montanhosa que se estende por três estados do Brasil: São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. A serra tem uma formação geológica datada da era arqueana, que compreende um maciço rochoso que possui grande área de terras altas, entre mil e quase três mil metros de altitude, ao longo de seus 500 KM de extensão, tornando-se uma divisa natural entre os estados de Minas Gerais e São Paulo.

    "Mantiqueira" é um termo de origem tupi que significa "gota de chuva", e seu nome dá ideia da grande importância da serra como fonte de água potável, formação de rios que abastecem um grande número de cidades da Região Sudeste do Brasil. Seus riachos formam o rio Jaguari, responsável pelo abastecimento da região norte da Grande São Paulo, o rio Paraíba do Sul, que corta uma região densamente habitada e altamente industrializada no eixo Rio-São Paulo, o rio Grande, que é parte integrante do maior complexo hidroelétrico do país.

    Como em qualquer serra ou cadeia de montanhas do mundo, a estrada para Campos do Jordão conta com muitas curvas, não tem muitos acostamentos e em alguns pontos é bem estreita, fazendo com que seja um caminho de qualidade duvidosa e potencialmente perigoso.

    A Árvore Símbolo da cidade é a Araucária, assim como no Estado do Paraná, pois a serra da Mantiqueira integra o ecossistema da mata Atlântica e mata de Araucárias, apresentando manchas remanescentes dessas matas bem como campos de altitude em seus picos mais elevados, o que faz com que haja uma vasta fauna na região, onde se pode ver o veado campeiro, lobo-guará, onça parda, cachorro-vinagre, jaguatirica, paca, bugio, macaco-sauá, macaco-prego, tucano, esquilo, ouriço-caixeiro, onça-pintada e o cão pastor-da-mantiqueira, que é originário da região. A raça, que é de pastoreio com indivíduos de porte médio, é reconhecida pelo América Latina Kennel Clube (ALKC) e pela Sociedade Brasileira de Cinofilia (SBC).

    Em termos de passeio, recomendo uma visita ao Parque Capivari, que tem acesso fácil e conta com uma roda gigante, uma estação de trem (cujo passeio de trinta minutos é um fiasco), Museu do Trem (que é desinteressante), parque infantil, pedalinho, centro de compras popular e um teleférico, que não estava ativo quando passei por lá.

    É mais do que evidente que o ponto alto de Campos do Jordão é o chamado “Centro Turístico”, no bairro de Capivari, pois é lá que a cidade faz por merecer o apelido de “A Suíça Brasileira”. Tudo é bonito, organizado e limpo. As pessoas são elegantes e os preços, abusivos.

    Lá é possível conhecer o Iceland, um bar completamente feito de gelo, onde as temperaturas chegam a –20º.

    Também não dá para ir até lá e não comer no O Baden-Baden, bar da famosa cerveja homônima, e que oferece comida típica alemã. O joelho de porco é uma pedida obrigatória.

    Outra parada obrigatória é o restaurante Libertango, de propriedade de um casal avareense. Ali é servida uma comida típica argentina. O estabelecimento é bem ambientado, os funcionários são educados e prestativos. Não podia ser por menos, afinal, o estabelecimento conta com uma estrela do Guia Quatro Rodas e excelente nota no TripAdvisor.

    Dentro do Aspen Mall e também a uma quadra depois, há uma loja que vende artigos esportivos automobilísticos originais. Para quem curte Fórmula 1, Indy e etc, vale o passeio, pois é possível encontrar vestuários, miniaturas e até mesmo guarda-chuvas originais de marcas como Ferrari, BMW, Williams, Mercedes e McLaren, por exemplo. Mas cuidado! Eu encontrei o mesmo boné da Ferrari, R$ 80,00 mais barato na loja da Puma no Shopping Catarina Fashion Outlet, na volta pra casa.

    Por fim, para encerrar essa coluna, nada mais justo do que falar do Hotel em que me hospedei. O Castelo Nacional Inn Campos do Jordão está localizado na Rua Roberto Pistrak Nemirovsky, 148, no bairro Alto Boa Vista.

    Sua localização é boa, pois está a 7,5 KM do Centro Turístico de Campos do Jordão, e é vizinho do Palácio de Inverno do Governo de São Paulo, mas o acesso é um pouco complicado: As vias de acesso são estreitas, muito íngremes e em mão dupla!

    O hotel era, antes de ser transformado para a sua finalidade atual, a residência de um casal de chineses, e por isso conta com diversas obras de arte, mobiliário, livros raros e até mesmo armaduras de guerra e bichos empalhados. Vale a pena visitar.

    O local conta com uma adega fantástica, um salão egípcio, cinema (bem ruim), quadra de tênis e piscina aquecida, além de tudo o que se poderia desejar num hotel de preço acessível (não barato).

    Os seus pontos altos são atendimento de primeira, arquitetura, mobiliário antigo e internet rápida. Os seus pontos baixos são ausência de almoço e jantar (o que resolvemos com o iFood), sinais de deterioração estética em diversos pontos e não haver cobertura entre a ala nova e o castelo, obrigando o uso de guarda-chuvas num trecho de aproximadamente 50 metros, sempre que chovia.

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    Para ver algumas fotos da viagem, acesse meu Instagram: https://www.instagram.com/zefusco/

     

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