
Em entrevista ao Jornal A Bigorna, o atual provedor da Santa Casa de Avaré falou sobre a crise de saúde pública que enfrentamos há quase dois anos de enfrentamento de uma pandemia nunca vista desde 1918 no Brasil e em Avaré.
A 1ª pandemia foi a gripe espanhola (também conhecida como gripe de 1918) foi uma vasta e mortal pandemia do vírus influenza. De janeiro de 1918 a dezembro de 1920, infectou uma estimativa de 500 milhões de pessoas, cerca de um quarto da população mundial na época. Estima-se que o número de mortos esteja entre 17 milhões e 50 milhões.
Mais de 100 anos depois, uma nova pandemia assola o Brasil e o mundo, numa crise sanitária com mais de 470 mil mortes até o momento. O enfrentamento esbarra em muitos problemas. Mesmo com toda a tecnologia científica, que não tínhamos há 100 anos, todo o sistema de saúde está em colapso, e as projeções, caso não haja os devidos cuidados por parte da população, além de um plano mais eficaz de vacinação poderá gerar mais infectados e mortes.
Miguel Chibani, um dos maiores provedores que já administrou a Santa Casa de Avaré relata os problemas vividos pela Instituição de saúde que atende a cidade, além de toda as 17 cidades da região.
“Se eu posso pedir um favor seria através da imprensa conscientizar a população para evitar aglomerações, que as famílias orientem os filhos para não participar de qualquer tipo de reunião em que haja aglomerações, que se cuidem porque que a capacidade de internação na Santa Casa, quer SUS, convênios ou particulares estão totalmente saturadas, e ressalta um dado importante: “Cada pessoa com Covid tem um processo de contaminação diferente e por não dá para arriscar e achar que não há risco”.
Como atuante da saúde, Miguel Chibani acredita que somente com isolamento social, a curva de mortes e infecções vão diminuir?
Todos nós estamos acostumados a reuniões, festas e confraternização, mas tem que avaliar que uma festa, uma aglomeração pode ser evitada e não te fará mal algum. Mas a falta de medicamento, a falta de um leito te fará toda falta.
O isolamento social é no momento a única forma de proteção a sua vida e a demonstração de respeito a vida do próximo.
Como se sente vendo tantas pessoas contaminadas e com o sistema SUS saturado?
Andre não está saturado o sistema público, está saturado, pelo menos em nossa região a capacidade de internar.
Poucas pessoas vão entender como é você receber uma ligação de um amigo pedindo ajuda, de um pai pedindo socorro para um familiar ou uma mãe dizendo que não pode perder um filho.
Não há como descrever essa sensação de desespero e de total impotência. Sempre fui um otimista e ainda sonho e peço a Deus que essa fase passe, mas nós temos que ajudar. A ciência trabalha, as vacinas estão chegando, mas nós só temos uma vida e não estamos no vídeo game que após o game over o jogo pode recomeçar.
Os cientistas falam que nenhum sistema de saúde, mesmo no mundo como no Brasil estava preparado para uma pandemia como a da covid, você concorda?
Totalmente.
Acredito que não há sistema de saúde mais evoluído e preparado que o americano e mesmo assim não estavam preparados
E essas novas variantes pelo que se tem informação contamina de forma muito mais rápida e isto assusta muito.
Apesar do otimismo corremos um risco de uma 3ª Onde advertem autoridades sanitárias. Seria uma catástrofe?
Eu entendo que além do problema do vírus há muita desinformação e interesses estranhos o que afeta muito mais. Com a 3 onda ou sem a terceira onda nossa região está com mais de 100% da capacidade de atendimento desde dezembro.
Perdemos muitos amigos e parentes, por isso a única alternativa até que sejamos imunizados é o respeito a vida sua e das outras pessoas, mantendo o distanciamento social.
Uma mensagem à população.
André eu imagino que os nossos dirigentes, em todos os níveis de administração, terão que fazer uma reflexão e definir as nossas prioridades. Temos um sistema de saúde que se não for o maior do mundo, está entre eles, mas tem que ser fortalecido e valorizado.
Que após a pandemia haja uma conscientização de que a saúde pública não deve ser politizada.
Com certeza essa fase vai passar vamos sair mais fortalecidos e conscientes. Mas para isso temos nesse momento entender que o vírus mata, tira sonhos e nos afasta de pessoas amigas e queridas, portanto passou da hora de ajudar a combater essa praga. Faça a sua parte se afaste agora para poder abraçar depois,
(*Entrevista concedida ao jornalista André Guazzelli)