• Abandono de Prédios Históricos causa desperdício e depredação

    97 Jornal A Bigorna 03/08/2025 23:30:00

    Prédios Históricos com grande importância para a Cultura e Urbanismo da cidade estão abandonados e apodrecem a olhos vistos no centro de Avaré. Essa situação não é recente, o Museu Municipal e Antiga Estação Ferroviária, localizada na Avenida Major Rangel, estão em avançado estado de degradação devido à falta de manutenção e uso dos prédios. A situação se apresenta como uma ferida aberta em áreas movimentadas da cidade, gerando problemas como vandalismo, falta de segurança e prejuízo financeiro e social, além de um enorme desperdício de recursos e possibilidades.

    Prédios históricos abandonados podem gerar uma série de problemas e essa realidade causa mais prejuízo e desperdício de recursos do que uso regular e manutenção de prédio. Localizado entre as ruas Goiás e Domiciano Santana, o prédio do Museu Municipal é o segundo mais antigo da cidade e pode ser considerado exemplo nesse caso. A falta de manutenção provocou a degradação da estrutura do prédio, afetando inclusive parte do acervo histórico e cultural da cidade depositado no local, e atos de depredação.

    Fechado há alguns anos, o prédio pertence ao governo do Estado, tendo sido devolvido por Jô Silvestre em um contexto de impossibilidade da Prefeitura em garantir a sua manutenção. Como o prédio é tombado, a restauração deve ser feita mantendo todas as características originais do projeto, o que demanda mão de obra especializada e investimento milionário. Atualmente, com vidros quebrados e paredes pichadas, o prédio que deveria ser explorado pela Cultura e Educação da cidade apodrece sob a observação de toda a população.

    Além disso, a falta de manutenção e conservação pode levar ao colapso da estrutura, enquanto a ausência de limpeza facilita a proliferação de pragas e vetores de doenças. É o que pode ser observado na Antiga Estação Ferroviária, prédio histórico em situação mais delicada, tanto na questão estrutural quanto na legal. Esse cenário possibilitou ao longo do tempo que o local fosse regularmente ocupado por pessoas em situação de rua ou utilizado para a prática de atividades criminosas. Tudo contribui inclusive para impactos econômicos e sociais, como a possível desvalorização dos imóveis da região.

    Alvo de litígio entre União e antigas empresas ferroviárias, o prédio sofre com décadas de abandono total e representa o grande exemplo de desperdício do que poderia ser um importante Centro Histórico e Cultural da Cidade. Parte de um grande conjunto arquitetônico histórico da cidade que conta ainda com praça, ruas de pavimentação antiga preservada, antigas casas de funcionários e depósitos da antiga Sorocabana, a região deveria receber atenção especial do Poder Público no intuito de explorar também o Turismo local, seguindo exemplos de inúmeras cidades que desenvolveram projetos para a ocupação desses locais.

    Além de manter viva a história da região, a restauração e conservação de prédios históricos podem gerar benefícios econômicos e sociais, porém é fundamental garantir recursos financeiros para a realização de projetos de restauração e manutenção de prédios históricos. Atualmente, o cenário que se apresenta é de grande dificuldade, visto que a Prefeitura tem grandes limitações em promover essas melhorias, tanto na questão legal como financeira, dependendo de parcerias ou pressionando por ações dos governos Estadual e Federal, algo que não tem sido feito e tampouco falado.

    A manutenção de edifícios históricos é crucial para preservar a memória coletiva, identidade cultural e promover o desenvolvimento sustentável. Esses prédios podem ser usados como ferramentas educacionais, proporcionando experiências práticas e enriquecendo o conhecimento sobre a história e a cultura local, também podendo revitalizar áreas urbanas degradadas, atraindo investimentos e melhorando a qualidade de vida da população. A restauração de prédios históricos pode atrair turistas, gerar empregos e impulsionar a economia local, além de aumentar o valor imobiliário da região, atraindo investimentos e melhorando a qualidade de vida dos moradores.

    Mesmo com toda a importância dos prédios, pouco se conhece sobre o problema e, mesmo no Poder Público, existe pouca mobilização para sanar o problema. A conscientização da população sobre a importância da preservação do patrimônio histórico é essencial para garantir o desenvolvimento desses projetos, porém, é fundamental que exista esforços de vereadores e secretários da atual gestão em busca de colaboração entre órgãos públicos e privados para garantir a conservação e utilização desse patrimônio histórico local.

    *Por João Nicolau

    É professor de História

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