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    Escola aberta, risco em alta: a matemática da covid

    1035 Jornal A Bigorna 01/06/2021 16:30:00

    Mesmo com turmas fracionadas e horários reduzidos, a reabertura de escolas pode aumentar em até 270% o número de casos de Covid-19 na comunidade escolar. É o que mostra um estudo conduzido por pesquisadores de seis universidades brasileiras simulando, a partir de modelos computacionais científicos, um protocolo de aulas presenciais em dias intercalados, com turnos de duas horas e turmas separadas em dois grupos.

    O protocolo analisado é o mais comum nos estados que autorizaram a volta presencial das aulas em 2021. Mas, segundo o estudo, ele se tornará “claramente inviável em meio a uma crise sanitária”. É o caso do Plano São Paulo, que permitiu o funcionamento das escolas estaduais em fevereiro deste ano para todas as etapas de ensino, com número reduzido de estudantes. Até 6 de março, menos de um mês depois da reabertura, foram notificados 4.084 casos positivos localizados em 42% das escolas reabertas no estado, além de 19 mortes confirmadas entre servidores e duas entre alunos. Um levantamento da Rede Escola Pública e Universidade (Repu) mostrou que a incidência da doença nas escolas paulistas foi o triplo da observada no resto do estado entre os adultos.

    Na simulação feita pelos pesquisadores, o protocolo mais efetivo para proteger o grupo escolar – e a cidade como um todo – é o de reabertura com monitoramentos e fechamentos intermitentes. Funcionaria assim: além de turmas fracionadas e horários reduzidos, medidas já aplicadas hoje, os estudantes seriam testados e isolados por duas semanas quando apresentassem sintomas ou tivessem algum parente infectado. Caso um aluno tivesse o teste confirmado, toda sua turma seria suspensa por catorze dias – e a escola inteira seria fechada por uma semana quando mais de um grupo tivesse estudantes infectados. No modelo matemático que segue todas essas exigências, os pesquisadores observaram um aumento de apenas 18% nos casos de Covid-19 na população escolar – e de 3% no resto da cidade.

    O estudo reforça que estratégias de monitoramento são as mais importantes para conter o avanço da Covid-19, inclusive nas escolas. O matemático Tiago Pereira, professor da USP e coordenador do projeto, lembra que a adesão é parte fundamental dessas medidas. “Como é um protocolo ativo, é preciso que as famílias também estejam empenhadas em seguir as propostas”, diz. Mais que isso: para o protocolo funcionar é fundamental que os responsáveis comuniquem à escola caso alguém da família esteja infectado – ainda que isso signifique a suspensão das aulas. Mesmo assim, os professores argumentam que os dados encontrados são robustos e ainda que apenas metade dos casos positivos sejam notificados, o aumento nos números da doença ainda permanece baixo com as regras de intermitência propostas.

    Em nota, o Observatório Covid-19 BR recomendou que as escolas continuassem fechadas justamente porque a maioria delas não oferece condições estruturais e funcionais para que as medidas de proteção sejam plenamente seguidas. “Falta a implantação de estratégias de testagem periódica e identificação de contactantes, e falta também orientação à comunidade escolar sobre os protocolos”, alertaram os especialistas do Observatório.

    Nas simulações, os pesquisadores brasileiros concluíram que o risco de transmissão nas comunidades escolares é alto, em especial porque envolve interações em ambientes fechados.(Fonte:Revista Piauí)

     

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