Aumento do salário de vereadores gera desgaste para todos os políticos
*Por João Nicolau
A cidade de Avaré ganhou destaque nacional e foi pauta no jornalismo político após a polêmica sessão de Câmara que aprovou um reajuste nos subsídios dos vereadores da cidade. Não bastasse o enorme aumento nos salários, a violenta ação de retirada à força de um cidadão que se manifestava no plenário foi o que monopolizou o debate político na cidade. O episódio teve imensa repercussão e afetou de forma negativa a imagem não só dos vereadores, mas toda a classe política que se desgasta com mais uma medida impopular.
Levando em consideração fatores como a renda média da população e imagem pública dos políticos, era sabido que a proposta de aumento do subsídio dos vereadores seria impopular. Justamente por isso, a decisão da Mesa Diretora foi de apresentar o projeto para votação na última sessão do ano, logo no primeiro ano da legislatura. Importante ressaltar que o reajuste vale somente a partir de 2029, por isso a aposta de que, até a próxima eleição, o tempo iria limpar a imagem dos parlamentares. Porém, algumas questões podem ser apontadas como responsáveis por afetar esse “plano”.
Em primeiro lugar, o reajuste de aproximadamente 80% nos subsídios foi o que mais chamou gerou críticas da população. Sob a justificativa de reajustar os ganhos há anos sem aumento, a Mesa Diretora ignorou o alto percentual, acima de qualquer índice econômico, elevando o subsídio a um valor superior a R$ 11 mil, bem acima da média dos salários do Legislativo da região. Mas foi a reação de um cidadão durante a votação e a postura do presidente da Câmara que aumentaram ainda mais a tensão sobre o assunto.
Se por um lado o manifestante se excedeu em se manifestar durante a sessão de Câmara, a imagem do presidente Samuel Paes puxando o cidadão pelos pés para fora do Plenário pegou muito mal. As imagens que viralizaram na internet ainda mostravam o presidente da Casa dizendo “aqui quem manda sou eu”, o que soou como autoritário em todo o contexto.
Dois pedidos de cassação já foram protocolados na onda da péssima repercussão que o caso teve nas redes sociais. Nova manifestação em sessão extraordinária gera ainda mais desgastes para toda a classe política. Todos são prejudicados por um caso de evidente despreocupação com a opinião pública. Nenhuma dessas medidas foi ilegal, mas isso não quer dizer que são populares ou realmente necessárias. Quando a população não se sente representada, e nos últimos casos nem sequer ouvida, é dever dos políticos mudar de postura.













